Exemplos de algumas ações que, no futuro, podem fazer a diferença em Portugal: Aproveitamento das águas pluviais dos telhados e caleiras para armazenamento e utilização em regas e águas sanitárias; Criação de centrais de dessalinização da água do mar trabalhando com energia de painéis fotovoltaicos, para obter água potável e de rega, no Sul de Portugal (Alentejo e Algarve e não só); Subida para o Centro e Norte de Portugal de plantações florestais de Sobreiros e Azinheiras em grande escala porque resistem a tempos de mais secas que vêem aí nos próximos anos com as Alterações Climáticas do Antropoceno... Será?!https://robertkyriakides.wordpress.com/2010/06/03/2647/
(ver as seguintes fotos):
"Quando os nazis vieram buscar os comunistas, eu fiquei em silêncio; eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu fiquei em silêncio; eu não era um social-democrata. Quando eles vieram buscar os sindicalistas, eu não disse nada; eu não era um sindicalista. Quando eles buscaram os judeus, eu fiquei em silêncio; eu não era um judeu. Quando eles me vieram buscar, já não havia ninguém que pudesse protestar." Als die Nazis die Kommunisten holten, habe ich geschwiegen; ich war ja kein Kommunist. Als sie die Sozialdemokraten einsperrten, habe ich geschwiegen; ich war ja kein Sozialdemokrat. Als sie die Gewerkschafter holten, habe ich nicht protestiert; ich war ja kein Gewerkschafter. Als sie die Juden holten, habe ich geschwiegen; ich war ja kein Jude. Als sie mich holten, gab es keinen mehr, der protestierte.
"Was würde Jesus dazu sagen?: Reden, Predigten, Aufsätze 1937 bis 1980" - Página 250, de Martin Niemöller, Walter Feurich, Carl Ordnung - Publicado por Union Verlag, 1980 - 291 páginas
Penso que os eucaliptos queimados podem ser usados para pasta de papel porque os troncos só ardem um pouco por fora. Mas não me parece que as celuloses tenham interesse numa gestão que implique o provocar incêndios, pelo menos nos seus eucaliptais (quanto aos pinhais dos outros tenho algumas dúvidas nomeadamente quanto a alguns madeireiros menos honestos). O que é «criminoso» é terem centenas de milhares de hectares de monocultura de eucalipto em mancha praticamente contínua quando deveriam ser limitados a no máximo só poderem plantar até uns 30% de eucalipto, pirófilo/«amigo» do fogo, mas misturando com outras espécies autóctones, pirófitas = que resistem ao fogo. Por outro lado: cerca de 95% da floresta em Portugal é privada e essa propriedade está pouco condicionada em termos de gestão florestal e prevenção do risco e incêndios. Das duas uma (ou até as duas em conjunto). Boa parte dos terrenos privados poderia ser nacionalizada e/ou a propriedade muito condicionada no sentido de implicar muito mais obrigações no seu uso em termos florestais (limitação de área de monocultura de eucalipto em percentagem da área; obrigação de plantação de floresta autóctone com aumento em percentagem da área; obrigação de construção de aceiros / corta fogos; obrigação do corte e gestão dos matos arbustivos;...) = no fundo algo semelhante a como a propriedade é condicionada em termos urbanos de construção e urbanização... É muita «estupidez» acumulada durante décadas (Alterações Climáticas, monoculturas de eucalipto,...) e alguma «estupidez» conjuntural (queimadas ilegais de matos cortados, etc...). Quanto aos eucaliptais acho que as celuloses não têm interesse «direto» em provocar incêndios, quanto aos pinhais tenho algumas dúvidas, nomeadamente, quanto a alguns madeireiros menos honestos, por exemplo com o objetivo de levar à substituição por eucaliptais, mas no geral as ignições primárias são por negligência e, isto parece-me objetivo, pelo que tenho observado no terreno e analisando a informação que me chega... As outras ignições são projeções pelas folhas e cascas do eucalipto, sobretudo. Mas a causa das ignições primárias é, a meu ver, relativamente pouco importante e, sinceramente,e aborrece-me o espírito pidesco/cristão inquisitorial de andar à procura de culpados e bodes expiatórios. A questão fundamental nos incêndios é que se vão continuar a repetir enquanto não houver políticas públicas (nacionais) para alterarem o quadro das monoculturas de eucalipto, da falta de floresta autóctone e do regime de propriedade florestal, assim como políticas públicas nacionais e internacionais que limitem o alcance das Alterações Climáticas e o risco associado.
Há 28 anos um povo lutou contra os eucaliptos. E a terra nunca mais ardeu
Em 1989 houve uma guerra no vale do Lila, em
Valpaços. Centenas de pessoas juntaram-se para destruir 200 hectares de
eucaliptal, com medo que as árvores lhes roubassem a água e trouxessem o
fogo. A polícia carregou sobre a população, mas o povo não demoveu.
Em
quase três décadas o Lila escapou ileso aos incêndios. Hoje, todos
dizem que é por se terem livrado dos eucaliptos. E lamentam que o resto
do país não lhes tenha resistido.
A
31 de março de 1989 o povo de Valpaços invadiu uma quinta no vale do
Lila para arrancar os 200 hectares de eucalipto que a Soporcel tinha
plantado na região. [Arquivo JN]
A
polícia respondeu com uma carga à população, mas revelou-se incapaz de
travar os avanços de 800 populares sobre a propriedade. [Arquivo JN]
Quando a cavalaria da GNR se viu cercada, entrou em campo o corpo de intervenção. Só aí os ânimos acalmaram. [Arquivo JN]
No
vale do Lila não há mais de sete ou oito aldeias e todas vivem do
olival. Os eucaliptos secar-lhes-iam os terrenos e trar-lhes-iam
incêndios.
António
Morais foi o cabecilha dos protestos. Percorrendo as aldeias depois da
missa foi convencendo o povo que o lucro fácil traria prejuízos a médio
prazo.
Hoje,
o povo sente que a destruição dos eucaliptos foi a sua salvação. E
dizem que, se tivessem deixado aquela floresta avançar, não teriam
escapado aos incêndios de 2017.
Hoje os terrenos da quinta do Ermeiro são diversos. Há oliveiras e nogueiras, amêndoa e pinho. Em três décadas, nenhum incêndio.
João
Sousa esteve na organização dos protestos à socapa, era presidente da
freguesia da Veiga do Lila. «Dizem que somos um povo sem educação mas
afinal nós é que estávamos certos.»
Os
eucaliptos tinham sido plantados há pouco tempo, não foi preciso usar
sacholas nem enchadas. Foram arrancados pelas mãos de homens e mulheres,
canalha e velharia.
A oliveira e o azeite sempre foram a riqueza da região. É sobretudo disso que ainda vivem hoje as populações de Valpaços.
Ester
Oliveira viu o marido ser detido durante os confrontos por posse de
arma ilegal. «Foi o povo que o salvou por dizer que ele não arredava pé
enquanto ele não fosse libertado.»
A
população tinha recuado depois da chegada do corpo de intervenção, mas
voltara à carga para defender José Oliveira. A guerra terminou com a sua
libertação.
Alguns
dos organizadores foram levados a tribunal por invasão de propriedade
privada e condenados a pena suspensa. E todos dizem que voltariam a
repetir o crime.
Natália
Esteves organizou assembleias, bateu à porta dos vizinhos, conseguiu
convencer dezenas de agricultores que o eucalipto traria seca e fogo.
Dos
200 hectares de eucalipto não sobram hoje mais do que uma dúzia de
árvores junto ao casario do Ermeiro. Se alguém os quiser plantar, o povo
arranca-os.
Maria João Sousa tinha 15 anos quando viu a revolução chegar à sua aldeia. Diz que foi o 25 de Abril da sua gente.
Em
quase três décadas o Lila escapou ileso aos incêndios. Hoje, todos
dizem que é por se terem livrado dos eucaliptos. E lamentam que o resto
do país não lhes tenha resistido.
A
31 de março de 1989 o povo de Valpaços invadiu uma quinta no vale do
Lila para arrancar os 200 hectares de eucalipto que a Soporcel tinha
plantado na região. [Arquivo JN]
Texto de Ricardo J. Rodrigues | Fotografia de Rui Oliveira / Global Imagens
«Foi o nosso 25 de Abril», diz Maria João Sousa, que tinha 15 anos
quando a revolução chegou à sua terra. No dia 31 de março de 1989, a
rebate do sino, 800 pessoas juntaram-se na Veiga do Lila, uma pequena
aldeia de Valpaços, e protagonizaram um dos maiores protestos ambientais
que alguma vez aconteceram em Portugal.
A ação fora concertada entre sete ou oito povoações de um
escondidíssimo vale transmontano, e depois juntaram-se ecologistas do
Porto e de Bragança à causa. Numa tarde de domingo, largaram todos para
destruir os 200 hectares de eucalipto que uma empresa de celulose andava
a plantar na quinta do Ermeiro, a maior propiedade agrícola da região.
À sua espera tinham a GNR, duas centenas de agentes. Formavam uma
primeira barreira com o objetivo de impedir o povo de arrancar os pés
das árvores, mas eram poucos para uma revolta tão grande.
«Naquele dia ninguém sentia medo. Eles atiravam tiros
para o ar e parecia que tínhamos uma força qualquer a fazer-nos
avançar», lembra Maria João Sousa.
Maria João, que nesse dia usava uma camisola vermelha impressa com a
figura do Rato Mickey, nem deu pelo polícia que lhe agarrou no braço.
«Ide para casa ver os desenhos animados», atirou-lhe, mas a rapariga
restaurou a liberdade de movimentos com um safanão: «Estava tão convicta
que não sentia medo nenhum. Naquele dia ninguém sentia medo nenhum.
Eles atiravam tiros para o ar e parecia que tínhamos uma força qualquer a
fazer-nos avançar.»
A tensão subiria de tom ao longo da tarde. «Houve ali uma altura em
que pensei que as coisas podiam correr para o torto», diz agora António
Morais, o cabecilha dos protestos. Havia agentes de Trás os Montes
inteiros, da Régua e de Chaves, de Vila Real e Mirandela.
Mas também lá estava a imprensa, e ainda hoje o homem acredita que
foi por isso que a violência não escalou mais. Algumas cargas, pedrada
de um lado, cacetadas do outro, mas nada que conseguisse calar um coro
de homens e mulheres, canalha e velharia: «Oliveiras sim, eucaliptos
não».
«Não queríamos arder aqui todos»
A guerra tinha começado a ser preparada um par de meses antes, quando
António Morais, proprietário de vários hectares de olival no Lila,
percebeu que uma empresa subsidiária da Soporcel se preparava para
substituir 200 hectares de oliveiras por eucaliptal para a indústria do
papel. «Tinham recebido fundos perdidos do Estado para reflorestar o
vale sem sequer consultarem a população», revolta-se ainda, 28 anos
depois.
«Nessa altura o ministério da agricultura defendia com unhas e dentes
a plantação de eucalipto.» Álvaro Barreto, titular da pasta, fora anos
antes presidente do conselho de administração da Soporcel e tornaria ao
cargo em 1990, pouco depois das gentes de Valpaços lhe fazerem frente.
«A tese dominante dos governos de Cavaco Silva era que urgia
substituir o minifúndio e a agricultura de subsistência por monoculturas
mais rentáveis, era preciso rentabilizar a floresta em grande escala»,
diz António Morais. O eucalipto adivinhava-se uma solução fácil.
Crescia rápido e tinha boas margens de lucro. Portugal, aliás,
ganharia em poucos anos um papel de destaque na indústria de celulose e
os pequenos proprietários poderiam resolver muitos problemas de
insolvência abastecendo as grandes empresas com uma floresta renovada. A
teoria acabaria por vingar em todo o país, sobretudo no interior centro
e norte. Mas não em Valpaços.
«Comecei a ler coisas e percebi que o eucalipto nos
traria grandes problemas», diz António Morais. «Numa região onde a água é
tudo menos abundante, teríamos grandes problemas de viabilidade das
outras culturas. Nomeadamente, o olival, que sempre foi a riqueza deste
povo.»
«Comecei a ler coisas e percebi que o eucalipto nos traria grandes
problemas», continua António Morais. «Por um lado, numa região onde a
água é tudo menos abundante, teríamos grandes problemas de viabilidade
das outras culturas. Nomeadamente o olival, que sempre foi a riqueza
deste povo. E depois havia os incêndios, que eram o diabo. São árvores
altamente combustíveis e que atingem uma altura muito grande.»
Na terra quente transmontana o ano são oito meses de inverno e quatro
de inferno. O fogo, tinha ele a certeza, chegaria com aquele arvoredo.
Uns meses antes da guerra, começou a conversar sobre o seu medo com
algumas das mais relevantes personalidades do vale. Grandes
proprietários, políticos da terra, as famílias mais reconhecidas.
«Lentamente começou a formar-se um consenso de que o lucro fácil do
eucalipto seria a médio prazo a nossa desgraça. Não queríamos deixar
secar a nossa terra. E não queríamos arder aqui todos. Tínhamos de
destruir aquele eucaliptal, custasse o que custasse.»
Anatomia da conspiração
O núcleo duro estava formado, era constituído por dezena e meia de
agricultores capazes de mobilizar o resto do povo. «Aos domingos, íamos
às aldeias e no fim da missa explicávamos às pessoas o que podia
acontecer à nossa terra», lembra Natália Esteves, descendente de uma
família de grandes produtores de azeite feita de repente líder de
protesto ecológico. «E também íamos de casa em casa, esclarecer quem não
tinha estado nas assembleias.»
Ao início houve renitência, a madeira valeria sempre mais do que a
azeitona, e a castanha ainda não rendia o que rende hoje. «Mas tentámos
sempre centrar a conversa no que aconteceria daí a uns anos, dizer que
os eucaliptos secariam os solos e o povo ficaria refém de uma única
cultura, que se alguma coisa corresse mal não teriam mais nada.»
O que mais assustava aquela gente, no entanto, era o fogo. «Onde há
eucalipto, tudo arde. E então o povo já não chamava a árvore pelo nome,
mas por fósforos.» A primeira batalha estava ganha: tinham o apoio da
população.
João Sousa era nessa altura presidente da junta da Veiga do Lila.
«Oficialmente não podia dizer que era contra os eucaliptos, nem ir
contra a polícia. Mas, quando falava com as pessoas, dizia-lhes o que
haviam de fazer», conta agora com uma gargalhada e sem ponta de medo.
«Vê, nem um eucalipto plantado. E o nosso vale há mais de
30 anos que não arde. Se o povo não se tem unido, estávamos a viver a
mesma desgraça que vimos por esse país fora», diz João de Sousa.
«Então se tínhamos o melhor azeite do país íamos dar cabo dele para
enriquecer uns ricalhaços de fora?» Tem 86 anos e uma destreza de 30,
hoje estuga o passo para mostrar a zona que podia ter sido caixa de
fósforos. «Vê, nem um eucalipto plantado. E o nosso vale há mais de 30
anos que não arde. Se o povo não se tem unido hoje estávamos a viver a
mesma desgraça que vimos por esse país fora.»
Essa é aliás a conversa mais recorrente por estes dias no vale do
Lila. A tragédia florestal portuguesa dá a este povo a impressão que
eles sim, tinham razão há muitos anos, quando o governo e as autoridades
lhes diziam o contrário.
«Podem achar que somos gente do campo, sem educação nem conhecimento,
mas nós cá soubemos defender a nossa terra», diz o velhote. «Temos
chorado muito por esta gente que perdeu vidas e animais e casas. E há
uma coisa que o meu povo sabe: se temos deixado ficar os eucaliptos,
também hoje choraríamos pelos nossos.»
A guerra
Há uns dias que os combates tinham começado. Ataques furtivos do
povo, desorganizadamente, para arrancar pés de eucalipto nos limites do
Ermeiro. Duas semanas antes da guerra, no Domingo de Ramos, as coisas
aqueceram.
«Juntámos duas centenas de pessoas aqui destas aldeias e os donos da
empresa chamaram a GNR», lembra António Morais. «Quando eles chegaram já
tínhamos dado cabo de uns bons 50 hectares de eucaliptal.» Nesse dia
não houve confrontos, porque o povo fugiu. Mas anunciaram a alto e bom
som que voltariam depois da Páscoa.
Esse ataque tinha feito notícia no Jornal de Notícias e
trazido uma mão-cheia de jornalistas à terra, nomeadamente Miguel Sousa
Tavares, da RTP. «Percebi que as coisas estavam a tornar-se muito
grandes e foi então que contactei a Quercus. Precisávamos de ajuda.»
Do outro lado da linha atendeu Serafim Riem, que dirigia o núcleo do
Porto da organização ambientalista. O ecologista partiu imediatamente
para o terreno. Nesses dias ouviriam do parlamento em Lisboa várias
palavras de solidariedade. Sobretudo do PCP, d’Os Verdes e de um jovem
deputado socialista chamado José Sócrates.
Agora não valia a pena esconder mais nada. A 31 de março de 1989,
domingo depois da Páscoa, o povo juntar-se-ia todo na Veiga do Lila para
dar cabo do eucaliptal que restasse. A aldeia enchera-se de
jornalistas, havia até um helicóptero a cobrir os acontecimentos do ar.
A direção nacional da Quercus demarcar-se-ia da organização dos
protestos através de um comunicado, mas os núcleos do Porto e Bragança
encheriam cada um o seu autocarro de ambientalistas carregados de
cartazes. Às duas da tarde o sino começou a tocar a rebate. Oito
centenas de vozes entoavam «oliveiras sim, eucaliptos não» e largaram
por um caminho de terra batida para a quinta do Ermeiro.
Numa hora, foram arrancados 180 hectares de pequenas
árvores. «Alguns gozavam com os agentes na cara e levaram umas
bastonadas das boas», recorda Natália Esteves.
Não era preciso usar enchadas nem sacholas, os eucaliptos tinham sido
plantados há pouco tempo e arrancavam-se com as mãos. A polícia tentava
fazer uma linha de defesa, mas duas centenas de agentes não chegavam
para aquela gente toda.
Numa hora, foram arrancados 180 hectares de pequenas árvores. «Alguns
gozavam com os agentes na cara e levaram umas bastonadas das boas»,
recorda Natália Esteves. Os que eram de perto diziam-lhes assim: «Tendes
razão, por isso vamos fingir que não vemos.» Viravam as costas e o povo
ia subindo o terreno.
Num instante, o casario da quinta tornava-se no último reduto da
investida. Uma dezena de guardas saíram a cavalo, era demonstração de
força mas não surtiu resultado. A Soporcel tinha construído socalcos
para plantar os eucaliptos e, agora, os animais não conseguiam
descê-los.
«O povo ia atirando pedras aos guardas, houve um que acertou no
cavalo e mandou-o abaixo», diz João Morais. Foi nesse momento que entrou
em campo o corpo de intervenção, disposto a levar toda a gente pela
frente. «Aí as coisas podiam ter descambado definitivamente.»
Todos por um
A guarda especializada avançava agora colina abaixo com escudos e
capacetes. José Oliveira, um agricultor da pequena aldeia de Émeres,
tentou escapar pela lateral, mas foi logo caçado pela guarda. No bolso
trazia um revólver e foi isso que o tramou. «Levaram-no logo detido para
dentro do jipe por posse de arma ilegal», conta agora a sua viúva,
Ester.
Aquela detenção marcaria o início do fim da guerra. «As pessoas
tinham recuado por causa do corpo de intervenção, mas quando se
aperceberam que um dos nossos estava preso começaram a gritar que não
arredariam pé enquanto ele não fosse solto», diz João Morais. Ester
anui, «foi o vale inteiro que salvou o meu homem.» Agora já não havia
pedras, havia gritos. Que libertassem o tio Zé e rápido.
Serafim Reim, o homem da Quercus, é que foi lá negociar a libertação
com os guardas. Sobravam menos de 20 hectares de eucalipto, o povo
deixá-los-ia em paz se soltassem o velhote. Uma hora depois, houve
consenso. Identificaram José Oliveira, caçaram-lhe a arma e mais tarde
levaram-no a tribunal, mas naquele dia saiu pelo seu pé para os braços
da mulher, e daí para casa.
António Morais, Natália Esteves, João Sousa e mais uma dezena de
organizadores do protesto também seriam chamados à barra da justiça, um
ano depois enfrentaram acusação de invasão de propriedade privada e
foram condenados com pena suspensa.
«Ainda vieram uns engenheiros da Soporcel dizer que retirariam a
queixa se nos comprometêssemos a não destruir uma nova plantação de
eucalipto. Disse-lhes que nem pensar, aqui nunca teríamos árvores dessas
no nosso vale.»
Nas noites seguintes arrancou-se à socapa quase tudo o que faltava,
ficaram apenas meia dúzia de hectares a rodear o casario da quinta, mais
passível de vigia. A Soporcel acabaria por desistir e vender a
propriedade e a família que a comprou, quando ousou confessar a Natália
Esteves que pensavam plantar eucaliptos, foram logo avisados: «Se os
botais nós os arrancamos.»
«A única maneira de travar os incêndios em Portugal é
reduzir drasticamente o eucaliptal e substituí-lo pela floresta
autóctone, que não só tem melhor imunidade ao fogo como gera uma riqueza
mais diversificada para as populações», diz o ambientalista Serafim
Riem.
Hoje, o Ermeiro é terra de nogueiras e amendoeiras, oliveiras e
pinho. Nunca ardeu. Serafim Riem, o ambientalista da Quercus, diz que
até hoje a guerra do povo de Valpaços é um marco, a maior ligação jamais
vista no país entre o mundo rural e o ativismo ecológico.
«A única maneira de travar os incêndios em Portugal é reduzir
drasticamente o eucaliptal e substituí-lo pela floresta autóctone, que
não só tem melhor imunidade ao fogo como gera uma riqueza mais
diversificada para as populações.»
Naquele 31 de março de 1989, o povo uniu-se e, diz agora, salvou-se.
«Nós é que tínhamos razão», repetem uma e outra vez, repetem todos. Às
seis da tarde, depois de José Oliveira ser libertado, um vale inteiro
voltou pelo mesmo caminho e juntou-se no principal largo de Veiga do
Lila. Mataram-se dois borregos e um leitão, abriram-se presuntos e
deitaram-se alheiras à brasa, houve até quem trouxesse uma pipa de
vinho. A festa durou noite dentro e foi maior do que qualquer romaria de
Santa Bárbara.
À volta da fogueira acabariam por juntar-se também os guardas que
horas antes defendiam o Ermeiro. E ali ficaram a comer e beber,
vencedores e vencidos, que em Trás-os-Montes nunca se nega
hospitalidade. Maria João Sousa nunca tinha visto uma coisa daquelas,
nem nunca voltaria a vê-la na sua terra. Foi o 25 de Abril da sua gente.
«Há lá coisa mais bonita do que uma revolução.»
É preciso acabar com a hipocrisia, com o mercado «negro» e as prisões cheias por pequenos delitos relacionados com o cânhamo. A propósito das rusgas policiais dos últimos dias a casa de pessoas com algumas plantas de cânhamo em autocultivo, digo: Foi por iniciativa do Bloco que já há vários anos o consumo em pequenas quantidades foi despenalizado... Mas não chega despenalizar em parte, é preciso mais: legalizar! Penso que o Bloco de Esquerda tem vontade de liberalizar o consumo e o autocultivo do cânhamo para uso medicinal e recreativo (à maneira do que já existe no Uruguai); mas é importante pressionar o bloco e as outras forças partidárias; contatar por exemplo: bloco.esquerda@be.parlamento.pt e http://www.parlamento.pt/Paginas/Contactos.aspx
Tinha que ser o Uruguai.
Não é casualidade que esse seja o primeiro país do mundo onde o Estado
se encarregará de controlar o cultivo, o empacotamento e a venda legal
de maconha em
farmácias — processo que terá início na primeira quinzena de julho —,
uma atitude que todas as nações vizinhas proíbem e combatem. O pequeno
país de cerca de 3 milhões de habitantes é governado, desde 2005, por
uma esquerda tranquila, que conseguiu alcançar um recorde histórico de
crescimento ininterrupto de sua economia. O Uruguai já foi o pioneiro na
América Latina em abolir a escravidão, aprovar o ensino laico, o
divórcio e em legalizar a prostituição. A separação entre Igreja e
Estado ocorreu há mais de 100 anos. Tudo chega antes no Uruguai, que
quase sempre serve de modelo para que outros sigam o mesmo caminho.
“Eu consumo maconha desde os meus 15 anos de idade e nunca havia tido
acesso, tão facilmente, a um produto de tanta qualidade e tão barato.
As pessoas já não precisam ir às favelas para comprar essa droga. Os
traficantes também já não se interessam pela maconha, não dá dinheiro.
Eles se dedicam à venda de outras drogas. Quando vejo os problemas que
existem em outros países para fumar me considero sortudo”, afirma Lucas
López, que decidiu converter seu hobby em profissão e abrir uma loja de
objetos de todo tipo relacionados ao consumo da maconha, em plena
avenida 18 de julho, no centro de Montevidéu. O estabelecimento está
repleto de pôsteres enormes em vários idiomas que dizem “aqui não
vendemos maconha”, mas, ainda assim, turistas entram com frequência para
tentar comprar a droga.
A legislação é muito clara: só os uruguaios podem cultivar em suas casas e adquirir maconha,
oficialmente, nas 30 farmácias que já estão registradas para vender a
droga a um preço de 1,30 dólar (cerca de 4 reais) por grama, um valor
muito mais baixo que o cobrado por um produto de inferior qualidade no
mercado negro. Os compradores registrados precisarão colocar seu dedo em
um dispositivo na farmácia. Assim, a máquina poderá identificá-los e
verificará se já não excederam o limite legal de compra – 10 gramas por
semana. Esse mecanismo de controle garante também o anonimato, já que o
farmacêutico não tem acesso ao nome do cliente, e, uma vez mais, deixa
os estrangeiros de fora.
O país, que já é uma potência turística, quer que os visitantes
venham atraídos pelas praias, não pela droga. Essa experiência piloto é
única no mundo – há outros países onde a venda da maconha é legal,
mas em nenhum deles o Estado controla todo o processo, incluído o
design genético da planta, comprado de uma empresa espanhola. Tudo está
pensado para tirar do mercado ilegal os 160.000 uruguaios que, em algum
momento do ano, fumam maconha, e para acabar com um negócio que rende 30
milhões de dólares (95,7 milhões de reais) aos traficantes, além de
aumentar a violência e, inclusive, o índice de mortes em um país pouco
acostumado à insegurança que assola toda a América Latina.
Tudo começou em 2012, recorda Julio Calzada, o então responsável pela
política de drogas e máximo inspirador da lei que regula todo esse
inédito processo. O presidente do país era o atual senador José Mujica – agora com 82 anos –, um ex-guerrilheiro tupamaro que se converteu, na época, em um fenômeno mundial, com mais seguidores fora de seu país do que dentro dele.
A tranquila Montevidéu, uma cidade de poetas e cafés, amanheceu
comovida com um vídeo no qual um menor assassinava com um tiro, e a
sangue frio, um funcionário do conhecido restaurante La Pasiva, durante
um assalto. O homem tinha cinco filhos. Outras duas mortes violentas por
acertos de contas entre narcotraficantes, na mesma semana, escandalizou
tanto a sociedade que Mujica resolveu dar o primeiro passo para iniciar
um processo que culmina agora, em 2017, e que levou a uma mudança
integral da política de drogas e à legalização da maconha.
Cinco anos depois desse início, a colheita da planta, cultivada em
estufas protegidas pelo Exército, para evitar roubos, já foi realizada
com sucesso e o produto já foi devidamente embalado. As farmácias também
já estão preparadas para começar a vendê-la em, no máximo, duas
semanas. Alguns têm medo do que possa acontecer. As farmácias instalaram
um “botão do pânico” para poder chamar a polícia de forma mais rápida e
efetiva, caso seja necessário. No entanto, todos os especialistas no
assunto acreditam que não haverá mais do que tranquilidade, no melhor
estilo uruguaio. Não aconteceu nada de ruim quando o autocultivo foi
aprovado. Atualmente há 6.000 pessoas registradas que encheram suas
varandas e jardins em Montevidéu com a inconfundível planta. Os pés de maconha são tão visíveis que agora o problema são os roubos em época de colheita.
“Antes nos escondíamos da polícia e agora dos ladrões”, brinca Laura
Blanco, diretora do centro de cannabicultores Gaia. Os clubes cannábicos
criados também não ocasionaram problemas. Esses grupos de consumidores
se organizam que jardineiros cultivem para todos. Para ser sócio, cada
integrante paga cerca de 100 dólares por mês (aproximadamente 320
reais), e, em troca, recebe os 40 gramas permitidos por lei, 480 gramas
anuais. “Até o momento retiramos pelo menos 12.000 pessoas do mercado
ilegal. Isso já é um êxito. E continuaremos expandindo nossos
resultados”, afirma Calzada, idealizador da lei.
“Foi difícil se organizar para fazer uma colheita constante, mas
agora tudo funciona perfeitamente. Conseguimos que nenhum de nossos
sócios dependa do mercado negro, é uma mudança histórica no Uruguai e no
mundo”, conta Martín Gaibisso, fundador de um dos primeiros clubes
cannábicos. No Uruguai já começa a haver maconha de alta qualidade por
todos os lugares. Usuários fumam nos parques, às margens do Rio da
Prata, e nas mesas exteriores dos restaurantes, o consumo foi
completamente normalizado. Devagar, sem pressa, ao estilo uruguaio, o
país está mostrando ao mundo as consequências de aplicar outra política
com relação às drogas leves.
O seguinte passo, com o qual muitos já sonham, é se converter em uma
potência do cultivo da maconha com fins medicinais, e não recreativos,
um grande negócio mundial, já que vários países, também na América
Latina, estão aprovando a comercialização da planta para esse uso. O
atual Governo, do médico oncologista Tabaré Vázquez,
é muito mais moderado do que o de Mujica – embora pertençam à mesma
coalizão política –, e resiste a ir mais longe. No entanto, o consenso
existente sobre o tema da legalização fez com que ele não se animasse a
barrar a lei. Apenas atrasou a venda em farmácias, que agora já está por
começar. A maconha vendida nas farmácias será mais suave do que aquela
que se cultiva em casa, para evitar inconvenientes para consumidores
esporádicos. Ainda assim, será uma versão mais forte e muito superior ao
“prensado paraguaio” que se vende ilegalmente nas ruas.
“Nossa maconha terá um THC de 7%. Poderíamos ter chegado a 20%, mas
está bem assim. A droga vendida nas farmácias terá como público
principal consumidores pouco frequentes, jovens ou idosos que queiram
usá-la para combater dores. Isso é um lucro enorme para minha geração,
que cresceu na ditadura, quando uma pessoa era presa por fumar um
baseado. A chave para que o Uruguai possa chegar a ser um líder mundial
agora é desenvolver a maconha medicinal”, afirma Gastón Rodríguez,
acionista de Symbiosis, uma das duas empresas uruguaias designadas pelo
Governo para colher duas toneladas anuais de maconha. Além disso,
Rodríguez é representante regional de Medropharm, uma empresa suíça que
busca introduzir a cannabis medicinal em toda a região.
Rodríguez e sua equipe possuem, armazenada e empacotada, uma grande
quantidade de maconha, em caixas de 5 e 10 gramas, à espera da ordem
para levá-la às farmácias. No total, 4.000 pessoas se registraram para
comprá-las, mas se estima que muitas mais o façam depois de que o
processo tenha início.
“Começaremos na primeira quinzena de julho”, confirma Diego Olivera,
secretário geral da Junta Nacional de Drogas, órgão especializado do
Governo. “A droga tem uma desenvolvimento genético exclusivo para
tranquilizar nossos vizinhos. Assim, se chegassem a encontrar droga do
Uruguai em qualquer outro país seria possível identificá-la rapidamente,
é inconfundível. No entanto, não acreditamos que isso chegue a
acontecer, está muito bem controlada a quantidade de maconha que pode
ser comprada. Estabelecemos padrões de segurança similares aos do
sistema financeiro. Muitos países nos estão consultando, como o Canadá,
por exemplo. A proibição da droga não atingiu seus objetivos, por isso,
muitos governantes estão buscando alternativas”, explica.
A lei que determina a legalização da maconha conta com poucas
críticas. A principal resistência veio, precisamente, do atual
presidente, Tabaré Vázquez, que ao final se rendeu ao fato de que já não
podia mais atrasar o processo. Tudo está sendo feito sem estridências,
ao estilo local. “Demonstramos que somos um país sério, no qual o Estado
consegue controlar esse tipo de coisas. Mujica entrará para a história
por sua iniciativa. Daqui a 30 anos o consumo legal da maconha será
visto como algo normal em muitos países. O Uruguai conseguiu recuperar,
dessa forma, sua tradição de vanguardista liberal”, garante Eduardo
Blasina, responsável pela criação do museu da cannabis em Montevidéu,
que possui em seu jardim, além de enormes pés de maconha, alguns de
peiote. Tudo acontece com normalidade, como só os uruguaios sabem fazer.
Por isso, uma revolução silenciosa como essa não poderia ter começado
em outro lugar.
Não me convencem as teorias a tentarem encontrar «bodes expiatórios» inquisitorialmente, venham de que lado vierem do espectro ideológico. Os fogos aconteceram agora recentemente por muita negligência (queimadas de matos cortados imprevidentes, pontas de cigarro atiradas de carros em andamento, faíscas de fios elétricos junto a árvores que não deviam estar junto desses fios,...) o que associado a uma seca extrema (que se vai repetir nos próximos anos pois as Alterações Climáticas, por causas humanas, estão cada vez piores) e associado a muitas monoculturas de eucalipto pirófilo/amigo do fogo, cujas projeções das folhas planas que sobem a arder no ar quente do fogo e pelo vento criam novos focos de incêndio exponencialmente... e sem uma gestão florestal eficiente (com aceiros, cortes de matos, etc...) e com plantação e replantação de floresta autóctone (espécies pirófitas = que resistem ao fogo), entre outras questões, temo, e tenho a certeza, que cenários semelhantes de incêndios descontrolados se vão repetir... infelizmente (e independente das forças políticas no Governo)
Alterações climáticas já custaram 6,8 mil milhões de euros a Portugal
Entre
1980 e 2013, o aumento de situações de calor extremas, a redução da
precipitação, as secas severas e os fogos florestais significaram perdas
de 6,783 mil milhões de euros.
O
trabalho "Alterações Climáticas, Impactos e Vulnerabilidades na Europa
2016" foi elaborado pela Agência Europeia do Ambiente (EEA, na sigla em
inglês) e realça que o sul da Europa, com destaque para a península
ibérica, vai ser mais atingido pelas mudanças do clima no futuro, mas já
regista aumentos de situações extremas de calor, redução da
precipitação e dos caudais dos rios, a que acresce o risco de secas
severas, perdas na agricultura e na biodiversidade, assim como de fogos
florestais.
Na análise económica dos efeitos das mudanças do
clima, a EEA estima que os custos tenham atingido 6,783 mil milhões de
euros, entre 1980 e 2013, dos quais somente 300 milhões, ou seja, 4%, estavam cobertos por seguros.
Aquele valor total representa 665 milhões de euros de perdas por cada português e 0,14% do Produto Interno Bruto (PIB).
No total da Europa, os custos relacionados com as alterações climáticas atingem 393 mil milhões de euros,
com a Alemanha a liderar, ao chegar aos 78,7 mil milhões, ou mil
milhões per capita, dos quais 44% estavam cobertos por seguros.
A
Suíça é o país com um valor de custos mais elevado por cada cidadão -
2,517 mil milhões de euros - e o Reino Unido é aquele que apresenta a
maior percentagem de perdas cobertas por seguros - 68%.
"As
alterações climáticas vão continuar por muitas décadas no futuro" e a
dimensão destas mudanças e dos seus impactos vão depender da
concretização dos acordos globais para reduzir as emissões de gases com
efeito de estufa, mas também de ser assegurado que foram adotadas as
corretas políticas e estratégias para reduzir os riscos dos atuais e
projetados fenómenos climáticos extremos, realça o diretor executivo da
EEA, Hans Bruyninckx, citado no relatório.
Apesar de algumas
regiões puderem apresentar impactos positivos, como a melhoria das
condições para a agricultura no norte da Europa, a maior parte dos
países e setores económicos "vão ser negativamente afetados", refere a
EEA.
Ondas de calor mais frequentes e mudanças na distribuição das
doenças infecciosas relacionadas com as condições do clima deverão
aumentar os riscos para a saúde humana e para o bem-estar, outra área da
vida dos europeus a ser afetada.
A península ibérica é referida
no relatório como exemplo de região onde já se observam algumas
mudanças, como a diminuição da precipitação, principalmente no centro de
Portugal.
A erosão costeira já provocou "significativas perdas
económicas, estragos ecológicos e problemas sociais", aponta ainda a
EEA, dando mais uma vez o exemplo de Portugal, que "investiu 500 milhões
de euros na reabilitação de dunas e de frente mar e na defesa" entre
1995 e 2003, entre Aveiro e Vagueira.
“What happened to the children who lay in the wrong cradle? What happened there?” is the question the Austrian artist Manfred Bockelmann asks himself. He was born in 1943 and has now embarked on a mission: He wants to shed light on the countless children and teenagers who were murdered by the Nazis and disappeared in the archives as a statistical number. He wants to give back a face, a personality, to the numbers – that is his aim. Drawn in charcoal using horizontal lines on coarse jute canvas, he draws one portrait after the other. These children look at us questioningly, filled with fear: “Why me? What did I do wrong?” http://drawing-against-oblivion.com/en/film/the-film.html
Plastics - the facts 2015 Published on Nov 5, 2015
An analysis of European plastics production, demand and waste data
... e, já agora, vejam este trailer
e este vídeo:
«Publicado a 24/05/2017
United Nations - Plastic - both a wonderful invention and a scourge on our planet. Over 300 million tons will be produced this year.
Most is never recycled and remains on our land and in our seas for ever. Our story shows the damage to all creatures who depend on the ocean for their food – from birds… to us.»
Querem saber como se faz o branqueamento de capitais através das "offshores"? Então vejam o seguinte documentário... 😪
Cito: Foi a maior fuga de informação da história: 11,5 milhões de arquivos que revelam o mundo secreto das finanças extraterritoriais. Sob a proteção do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação), 378 periodistas de investigação de todo o planeta trabalharam à porta fechada nos papéis filtrados. No dia 3 de abril de 2016, em representação de 109 organizações mediáticas, foram publicados os Papéis do Panamá, desmascarando líderes políticos, empresários, celebridades, estrelas desportivas e inclusive alguns criminosos que usavam empresas fantasmas para esconder os próprios bens, evitando assim o pagamento importante de impostos. Ao longo de vários anos, esconderam milhares de milhões de euros através de sofisticados sistemas de evasão de impostos e lavagem de dinheiro. Desde o Panamá à Suíça, desde os Estados Unidos ao Luxemburgo, seguimos os passos desta gigantesca rede de ocultação financeira. Benoît Bringer e Edouard Perrin de Premiéres Lignes lideram esta investigação, em colaboração com o ICIJ e com alguma da imprensa mediática mais importantes, nomeadamente Süddeutsche Zeitung, Le Monde, BBC e The Guardian.
O novo Governo Francês é composto por 17 ministros e 17 ministras. Isto é que é paridade!? Paridade para em conjunto darem cabo dos Direitos dos Trabalhadores e das Trabalhadoras alterando o Código do Trabalho francês como tem alertado o Mélanchon da France Insubmisse?! Ai, valha-lhes, aos que trabalham em França, a nossa senhora dos aflitos!... que nesta coisa da paridade não convêm só invocar santos mas também santas...
Penso que esta nova alteração ao Regime do Arrendamento pode ser importante para as Repúblicas de Estudantes de Coimbra... será?
Lei n.º 42/2017 - Diário da República n.º 114/2017, Série I de 2017-06-14
dre.pt
Regime de reconhecimento e proteção de estabelecimentos e entidades de interesse histórico e cultural ou social local (terceira alteração à Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro, que aprova o Novo Regime do Arrendamento Urbano, e quarta alteração ao Decreto-Lei n.º 157/2006, de 8 de agosto, que aprova o regime jurídico das obras em prédios arrendados)
Por uma leitura rápida, na diagonal, que fiz da Lei 42/2017 parece que a Autarquia de Coimbra tem agora de fazer um Regulamento Municipal para que as Repúblicas de Estudantes possam ser reconhecidas com o novo estatuto estabelecido pela Lei... pelo que sugiro que as Repúblicas contatem a Câmara e a Assembleia Municipal de Coimbra para as sensibilizar a darem uma conclusão favorável a este processo...
http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/arrendamento-local-ps-quer-vizinhos-a-dar-aval-163043 Esta «notícia» deste jornal é tendenciosa: ao que parece, e bem, o que
os deputados parecem reiterar é que para haver um serviço qualquer
(incluindo o serviço de turismo de «alojamento local») num prédio de
habitação tem o «senhorio»/empresário de obter o aval da Assembleia de
Condóminos do prédio de habitação... e não como o jornal comenta
tendenciosamente que «os socialistas pretendem que, na prática, os
vizinhos dêem o aval à atividade do proprietário» pois provavelmente o
que vai acontecer em muitos casos é que o orgão democrático e coletivo
que é a Assembleia de Condóminos ou, mesmo, apenas um condómino ou só
alguns condóminos se oponham à existência do negócio/serviço no prédio
de habitação. O Condomínio é um orgão coletivo e ao mesmo tempo um
espaço coletivo utilizado pelos condóminos de um edifício licenciado
para habitação. Ao que me parece, o «alojamento local» é para turismo e
portanto um serviço e não habitação... sendo assim, a Assembleia de
Condóminos, alguns condóminos ou qualquer condómino pode ôpor-se a um
negócio turístico (um serviço) como o «alojamento local», que não se
confunde com o arrendamento para habitação, sendo portanto, até,
bastante que um único condómino se oponha à existência de um
serviço/negócio de «alojamento local» para que este não se possa
realizar nesse prédio. O Condomínio não pode ser afetado, contra a
vontade de condómino ou condóminos ou da sua Assembleia, pela
arbitrariedade da instalação de um serviço de turismo de «alojamento
local» pois este implica desgastes em elevadores e outros equipamentos
bem como, porventura, problemas de ruído e limpeza que podem afetar
alguns ou todos os habitantes do prédio. Portanto, ao que parece, para
haver um serviço de turismo de «alojamento local» num prédio de
habitação, tal só pode acontecer se houver o aval de todos os
condóminos, sem exceção, através da sua Assembleia de Condóminos, que é o
que parece que defendiam os deputados socialistas ao tempo desta
«notícia» no jornal.
Mas... Pelos vistos... segundo o Supremo Tribunal de Justiça ... do ponto de vista do sistema jurídico o artº 2º do Código Comercial precisa de ser alterado para nele se incluir «o alojamento local» como acto de comércio:
Velocipedes, Jardin du Luxembourg, Gentry Publishers, 1818
200 years since the father of the bicycle Baron Karl von Drais invented the 'running machine'
200 years ago in Germany Baron Karl von Drais demonstrated his newest invention: the draisienne (which was also known as the laufmachine, running machine or Vélocipède), a two-wheeled horseless vehicle propelled by its rider. Cycling UK's Historian Sheila Hanlon explains why without Baron Karl von Drais we would not have the modern bicycle.
On 12 June 1817, a crowd gathered along the best road in Mannheim, Germany to watch Baron Karl von Drais demonstrate his newest invention: the draisienne, a two-wheeled horseless vehicle propelled by its rider. Drais climbed on and set out for the Schwetzinger switch house, a strategic point along the postal route. Less than an hour later, he was back, having completed the 8-9 mile round trip in a quarter of the usual time. Two hundred years later, we salute Drais and his draisienne as a significant milestone on the long road of innovation leading to the bicycle of today.
Baron Karl von Drais
Karl Freidrich Christian Ludwig Freiherr Drais von Sauerbronn (29 April 1785 - 10 December 1851), was born in Karlesruh, Baden, to a family of influential civil servants with minor royal connections. His mother was Baroness von Kaltenthal, his father served as a judge, and his godfather was the Grand Duke of Baden Karl Freidrich.
At a young age Drais took an interest in science and mathematics, studying forestry at his uncle’s private school before specialising in Mathematics, Physics, and Architecture at the University of Heidelberg. Through government connections, Drais’ father secured him a position as Forestry Master without a district in 1808, with paid leave to develop his inventions.
Drais’ was a prolific inventor. He devised a piano music recording system, binary algorithm for calculating square roots, periscope, typewriter, and a form of “secret writing.” His main area of interest, however, was horseless travel.
Drais’ biographer Hans-Erhard Lessing hypothesises that this focus was a reaction to political and environmental crises. Europe suffered poor harvests from 1812-15, war caused 20 years of disruption, Napoleonic soldiers raided granaries while retreating from Moscow, and grain prices soared. To make things worse, as Mick Hamer argues in “Brimstone and Bicycles,” on 5 April 1815 Mount Tambora in South East Asia erupted in one of the largest volcanic explosions ever recorded, producing an ash cloud that cooled temperatures by 3⁰C on average in Europe and North America. 1816 became known as the year without a summer. Crops failed, the Thames froze over, it snowed in July, food became unaffordable, starvation set in, and horses died or were eaten. In England, the dreary atmosphere inspired Mary Shelley to write Frankenstein; in Germany it led Karl von Drais to develop an early bicycle.
Above: Laufmaschine, rider popularly thought to be Baron Karl von Drais, c1818
Horseless Carriages
The first manumotive vehicle designed by Drais was a four-wheeled passenger carriage driven by a servant in the rear seat who used foot planks to crank its axle. By 1817, Drais had moved on to two-wheeled machines, possibly inspired by the célérifère, an adult hobby horse popular in 1790s France.
Drais’ laufmaschine, which translates to running machine, known as a draisine in English and draisienne in French, consisted of two miniature carriage wheels attached in alignment to a wooden frame. It had a triangular steering column with an arm rest fitted over the pivoting front wheel and a padded saddle.
To propel the machine, the rider ran his feet along the ground, coasting between strides as the machine gained velocity, reaching speeds of 5-6 miles per hour. To brake, the rider pulled a cord that stopped the back wheel. Drais envisioned practical applications for his machine, such as postal, forestry, or military transportation.
The press buzzed with reports of Drais’ invention. Saunders’s Newsletter, in its 25 Sept 1817 issue, provided a detailed description of the “new-invented travelling machine”, explaining: "The leading principle of the invention is taken from the art of skating, and consists of a simple idea, of impelling by the help of the feet a seat on wheels.
The machine that the inventor has made consists of a seat on only two, two feet wheels running one behind the other, that it may be used in the footpaths. To preserve the equilibrium, the traveller has before him a little board with a cushion nailed to it, on which he rests his arms, and before which is the small pole which he holds in his hand to steer his course with.The machine weighed 50lb and a sturdy model could be produced at a cost of under four Carolines".
Laufmaschine or Vélocipède
In October 1817, Drais published a 3-page brochure of laufmaschine designs. It included two illustrations, one in colour featuring a rider in a yellow military courier uniform. Models with 2-4 wheels and a tandem were included. Customers could invest in a ready-made machine or order the design and engage a cartwright to construct it. Official models were authenticated with a number plate embossed with the von Drais coat of arms. The following year Drais published a French brochure with the name of his machine translated to “vélocipède,” and including accessories such as an umbrella, sail, and lamp.
Above: Laufmaschine Catalogue, 1817, Military Courier in yellow
Demonstrations
Drais followed his record-setting Mannheim to Schwetzinger trial run with a second 1817 journey from Gernsbach to Baden over a notoriously steep 800ft hill. Lessing writes that a local policeman clocked von Drais in at 4:00, having completed the trip in one hour at an average of 4 miles per hour, halving the usual travel time and impressing the amateur scientists in attendance.
A more spectacular show of the machine was, however, needed if Drais was to attract a commercial market. In April 1818, Drais organised a draisienne demonstration in Paris’ Luxembourg Gardens hosted by his chasseur (footman), who served as his agent in France. Thousands of spectators paid admission for a glimpse of the machine. Illustrations of the event show women in fancy gowns, well-dressed men, and children lining the park’s paths as draisiennes scoot by.
News of the demonstration reached far and wide. The Morning Chronicle for 10 April 1818 commented in its “Paris Papers” section that,
"An immense concourse of spectators assembled yesterday at noon at Luxemburg [sic], to witness the experiments with Draisiennes (a species of carriage moved by machinery without horses). The crowd was so great that the experiments were but imperfectly made. The machine, however went quicker than a man at full speed and the conductors did not appear fatigued. Remarkably, a tandem designed for a female passenger was displayed. The Morning Chronicle continues, “About three a Lady appeared in a Draisienne, conducted by the Chasseur of the Baron de Drais.”
Public Reaction and Popularity
The reception to Drais’ new machine was mixed. The Liverpool Mercury, 24 April 1818, optimistically noted that, “Draisiennes appear to be convenient for the country and for short journeys on most roads.” Journal de Paris, however, was unimpressed, reporting that one rider fell and put his draisienne out of action by breaking a bolt, and that the machine was slower than a band of children. Comparisons to children’s hobby horses were impossible to shake, making people flippant about the draisienne as an adult technology.
The draisienne was a target for satire. Historian David Herlihy writes that a contemporary damningly claimed “Mr Drais deserves the gratitude of cobblers, for he has found an optimal way to wear out shoes.” Fellow cycle historian Andrew Ritchie has uncovered jokes about “Velocipedraniavaporiana” and a patent for a machine going “14 miles in 15 days.”
Curiosity prevailed and draisiennes proved popular for park riding in the summer of 1818. Drais’ chasseur ran a rental business out of Monceau Park in Paris, and overall sales were good. Riding rinks opened as far away as Austria. The draisienne craze was, however, short lived. Rutted, uneven roads made riding unpleasant and taxing. When riders retreated to footpaths, they were deemed a nuisance to pedestrians. Some cities banned draisiennes, including Milan in 1818, London and New York in 1819, and Calcutta in 1920.
Appropriation and Proliferation
Drais had hit upon an invention with tremendous potential. His civil servant status as a forester and the regional limits of patents, however, made it difficult for Drais to protect his design. On 12 January 1818, Drais received a patent in Baden, but it was not valid beyond the region. Later that year Drais secured a five-year patent in France, but it did little to discourage knock-offs. Pirated draisiennes appeared throughout Europe.
The dandy horse
In England, Denis Johnson, coachmaker of No. 75 Longacre in London, made the most of Drais’ design by appropriating it. There is no doubt that Johnson’s velocipede was based on the draisienne. The Yorkshire Gazette, 15 May 1819, for example wrote, that “Baron von Drais…is the inventor of this ingenious machine…now introduced to this county by Mr Johnson.” Johnson likely saw models and designs brought over from Europe, and swiftly patented it in England before anyone else got the same idea.
Johnson’s “pedestrian curricle,” patent #4321 dated 22 December 1818, was an improved draisienne. It was lighter, substituted metal for wood where possible, had larger more stable wooden wheels lined with iron, featured a crossbar dipped in the middle where the saddle sat, was more upright, and had a metal steering column. It could travel 9-10 miles per hour, making it one of the fastest vehicles on the road. Johnson introduced a ladies drop frame and a deluxe model hand painted to order.
A riding school opened near his Long Acre shop, and races were organised. The “dandy horse” or “hobby” as it became known was popular with young urban gentlemen, and even more popular with satirists. “The Hobby-Horse Dealer,” an 1819 print held in the British Museum (below), which compares buying a velocipede to assessing a horse, illustrates this vein of humour.
Drais’ original draisienne may have been a passing fad, but his design inspired further innovation, copycats included, with lasting influence.
Drais’ Political Persecution and Final Days
Drais did not lead an easy life. His mother died when he was 14, his forestry career relied on his father’s influence, and his meagre income rendered him unmarriageable. Drais had difficulty patenting his draisienne, and failed to find commercial success. The von Drais family, who had already once fled the advancing French revolutionary army, had their reputation ruined in 1819 when Drais Senior, a high ranking judge, refused to pardon a student accused of murdering an anti-revolutionary playwright. Karl von Drais moved to Brazil to escape persecution, returning in 1827 when his father, an epileptic, became ill. His father died in 1830, at which point Lessing writes, “the bachelor became an alcoholic.”
During the German Revolutions, 1848-9, Drais forfeited his title as Baron, becoming “Citizen Karl Drais.” Later, when Prussians forces reclaimed the region, revolutionary sympathisers were executed or committed to asylums, a fate Drais escaped only through the lobbying of his sister and cousin. Drais lived out his remaining years quietly and impoverished, having had his assets seized and reputation ruined in the aftermath of the failed revolution. He died penniless aged 66 on 10 December 1851. Drais’ inventions, his biographers reveal onwww.karldrais.de, were forgotten or belittled by Baderian authorities keen on discrediting their political enemies.
Drais’ reputation was not restored until the Victorian cycling age. A commemorative plaque was installed on his house in Karlsruhe and German cyclists saw that his grave was protected.. The Graphic, 4 May 1891 reported that “British Cyclists, who owe so much health an enjoyment to their machines, may like to hear of the honours just paid to the inventor of the bicycle, Baron Carl von Drais. [sic]…the Baron’s remains have been moved with much pomp from their neglected grave to a resting place in the new cemetery, where the bicyclists of the fatherland will erect a handsome monument.”
Conclusion
A fitting memorial to Drais has since been erected in Karlsruhe cemetery. Postage stamps, a Google Doodle and a 2017 German €20 coin have also been released in his honour,
The draisienne may not have been a pedal bike like we think of today, but it represented an integral stage in cycling design. Two centuries after the draisienne first came to prominence, it is fair to look back at the legacy of Karl Von Drais and declare him the father of the bicycle.