domingo, 3 de fevereiro de 2019

Contra o boato do suposto gene lusitano

A propósito de https://www.vortexmag.net/a25-bis-dr2-o-gene-lusitano-que-so-os-portugueses-possuem/ página da internet que fala do suposto gene «lusitano», ocorreram-me pensamentos como estes:

* Em tal site vêem-se imagens «barrocas» de recriações históricas (à moda salazarenta)...

** Gene «lusitano» ou ariano ou outro qualquer gene «nacionalista»?... cheira-me a inverosímil. As teorias genéticas para explicar comportamentos ou consciência nacional... cheiram mal. São os meios natural, cultural e social que determinam comportamentos e não os genes. Os portugueses, pela mistura de características físicas e culturais que têm, são tipicamente um povo que tem por base inúmeras culturas e povos que por aqui passaram, daí que a variabilidade genética há-de ser muito grande e, parece-me, que não há um padrão genético único. Duvido muito que esta «notícia» tenha algum significado de relevo.

*** Que partes da «notícia» estranhei? Primeiro: uma «notícia» que não indica as fontes, ou seja, pelo menos os nomes dos autores do estudo e o título deste, não é uma notícia. Segundo: falar de «homogeneidade etno-racial de Norte a Sul» é, parece-me, um exagero pois é um povo que tem tantas «misturas» que  não pode, provavelmente, ter essa tal homogeneidade. É pois um artificialismo e um paradoxo ao mesmo tempo falar de misturas e de  homogeneidade, o que me faz pensar na tentativa de passar a mensagem subliminar tipo das «teorias» da raça pura/superior. Terceiro: não refere os dados concretos do «estudo» por exemplo, a que instituição pertencem os investigadores, qual o nº de amostras recolhidas, distribuição das amostras. Extrapola e tira conclusões abusivas sem se referir aos factos do estudo: um texto muito pouco jornalístico e nada científico. O próprio texto do site não tem autor... não parece algo estranho?

**** Também, tendencialmente desconfio de supostas teorias genéticas (e supostos estudos genéticos), aplicadas à história ou à sociologia, à cultura ou à política, à sexualidade ou à psicologia. Teorias daquele género que tentem explicar e dar um sentido à «raça» lusitana são um disparate e o texto, do site referido acima, é uma salgalhada mal amanhada.

***** Penso que o texto do vortexmag se foi basear neste blogue: ascendensblog.blogspot.com/2015/10/genetica-descoberta-cientifica-o-gene.html que aliás tem alguns dados interessantes mas faz considerações abusivas a roçar o disparate e, também, a xenofobia.

****** Penso ser bem mais credível o seguinte texto: https://www.publico.pt/2011/04/22/jornal/a-historia-de-portugal-contada--pelos-nossos-genes-21878549

******* Este outro texto também me parece bastante credível: https://www.dn.pt/arquivo/2005/interior/duas-vagas-africanas-nos-genes-dos-portugueses-599441.html

Ver os seguintes textos:

«Duas vagas africanas nos genes dos portugueses» = artigo que entrevista diretamente o Doutor Helder Spínola autor do tão referido estudo, aliás, nunca mostrado/indicado pelos que, ao que parece, abusivamente referem um gene «lusitano». Diz-se nesse artigo «(...) De acordo com os resultados da pesquisa (...) as influências africanas identificadas a Norte e a Sul não são as mesmas, e correspondem, afinal, "a movimentos populacionais diferentes, com quatro a cinco mil anos de diferença entre si, e com origem em zonas distintas daquele continente", explica Hélder Spínola. E sublinha "Esta diferença entre as características de origem africana encontradas a Norte e a Sul do País era completamente desconhecida até agora". Antepassados. A história poderia contar-se desta maneira. Há seis mil anos, quando a região fértil que então era a do Sahara entrou em processo de desertificação (que ainda hoje não terminou), as populações que ali residiam foram forçadas a iniciar um movimento migratório. Muitas dessas pessoas viajaram para norte e uma parte atravessou o oceano no estreito de Gibraltar, para se instalar na Península Ibérica, e no território que hoje é Portugal.
Passados mais de 4500 anos, chegou uma nova vaga africana, esta berbere e muçulmana, que hoje diríamos magrebina, e que é a marca africana, em termos genéticos, que caracteriza os portugueses no Sul do País.
Além da clarificação histórica, e deste novo "retrato bipolar", a pesquisa dos "detectives" genéticos trouxe outra novidade. A de que na região centro, aquelas características se diluem (tanto as do sul, como as do norte) sobressaindo, por outro lado, as marcas genéticas trazidas pelas migrações e invasões europeias (que a História conhece por bárbaras) e que ocorreram entre a primeira e a segunda vagas africanas.» in https://www.dn.pt/arquivo/2005/interior/duas-vagas-africanas-nos-genes-dos-portugueses-599441.html

E a Tese de Doutoramento de Helder Spínola de 2005 que, por exemplo no «Resumo» ao contrário de referir um gene «lusitano» refere, sim, diferentemente: «(...) O presente trabalho revela que a população continental Portuguesa tem sido influenciada geneticamente por Europeus e Norte Africanos devido a várias imigrações históricas(...)» in https://digituma.uma.pt/bitstream/10400.13/11/1/TESEHelder.pdf


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Regime de preços da planta da canábis para fins medicinais

Portaria que Regula o regime de preços das preparações e substâncias à base da planta da canábis para fins medicinais.
Publicada em
Diário da República n.º 22/2019, 1º Suplemento, Série I de 2019-01-3: Portaria n.º 44-A/2019 - Diário da República n.º 22/2019, 1º Suplemento, Série I de 2019-01-31
Min. da Saúde
Regula o regime de preços das preparações e substâncias à base da planta da canábis para fins medicinais