SEF com contactos telefónicos inoperantes (situação kafkiana; imagine-se, por exemplo, refugiada ucraniana)

 

Imagem por gl:User:Kikooo1984 - gl:User:Kikooo1984, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=528999
Túmulo da família Kafka, no Novo Cemitério Judeu, em Praga, com epitáfios em hebraico

Sugiro um exercício de imaginação, se ainda não o fez:

1. é uma afegã, síria, líbia... ou até ucraniana refugiada chegada há horas ou há pouco tempo;

2. experimenta ligar para um dos números do SEF = +351 217 115 000 (Rede fixa) ou +351 965 903 700  (Rede Móvel);

3. estes números funcionam muito bem, pelo menos à trigésima terceira vez em que tenta ligar;

4. fica felicíssima com a «rapidez» com que é atendida telefonicamente e logo encaminhada para atendimento presencial;

5. mais, se for ucraniana refugiada «oferecem-lhe» logo um visto gold;

6. no mínimo, é atendida em «segundos» pelos funcionários do SEF que anunciaram à imprensa portuguesa que são voluntários «gratuitamente (?)» para ajudar a receber da melhor maneira os refugiados ucranianos;

7. cereja em cima do bolo = repara que há uma grande hipocrisia e resolve sair de Portugal... pois é um país onde o trânsito rodoviário é muito caótico e irresponsável;

8. antes de sair, se o visto gold for afinal de um material de alta qualidade como o latão, resolve arranjar a nacionalidade portuguesa, por ser uma judia sefardita há muito esquecida ,mas rapidamente certificada no Porto (cidade conhecida pela longa tradição hebraica) de modo a seguir imediatamente como assessora de Roman Abromavitch nas conversações para um cessar fogo em Kiev;

9. como está muito frio na Ucrânia encaminham-na diretamente para um agradável colonato israelita onde a sua função é «simpaticamente» coagir a palestiniana que encontra no caminho a ir-se embora «para a terra dela»;

10. como na Palestina está muito calor, resolve voltar para Portugal para trabalhar como escrava numa unidade hoteleira onde lhe dão as sobras dos pratos dos clientes...

11. Moral da estória = Malhas que o Império tece: Jaz mort[a] e  arrefece [a ucraniana} menin[a} de sua mãe!... (Onde é que eu já ouvi isto?!)

Quem lê, perdoe-me a ironia, mas em relação a uma situação kafkiana como os números telefónicos do SEF estarem incontactáveis quase sempre, é o que me ocorre divagar... escrevendo.

kaf·ki·a·no

([Franz] Kafka, antropónimo + -iano)

adjectivo

1. [Literatura]  Relativo a Franz Kafka (1883-1924), escritor de língua alemã nascido em Praga, à sua obra ou ao seu estilo (ex.: universo kafkiano; angústia kafkiana).

2. [Por extensão]  Que é confuso, ilógico ou absurdo (ex.: situação kafkiana).

adjectivo e nome masculino

3. [Literatura]  Estudioso ou admirador de Kafka ou da sua obra.

"kafkiano", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/kafkiano [consultado em 05-03-2022].